JAPURÁ – AM – Paróquia Nossa Senhora Aparecida

Prelazia de Tefé – AM – Norte I CNBB


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Semana da Patria e cidadania

Pátria e cidadania

Estamos em plena “Semana da Pátria”. Iniciamos o mês da Bíblia com a reflexão sobre o lugar onde vivemos. O país faz parte de nossa própria tradição pessoal. O homem é obrigatoriamente ligado à terra, ao seu território. Mesmo agora, com toda globalização, experimentamos como a busca das raízes e das nacionalidades aumenta ainda mais.

A nação incorpora-se ao ser da dignidade da pessoa enquanto cidadão que é.  A nação é o lugar privilegiado não só de suas características naturais como planícies, rios, montanhas e o solo, mas é, principalmente, onde nossos antepassados deixaram a sua marca, onde eles cresceram, onde eles construíram a sua história de vida, e que nós herdamos esses valores. Essa realidade nos impulsiona a amar a nossa pátria. Aqui também encontramos a preocupação com os migrantes e também o espírito cristão, que sabe que é sempre estrangeiro enquanto caminha para a pátria definitiva e, ao mesmo tempo, sabe que sente como sua pátria todos os lugares onde está. Porém, o amor às raízes e a nossa responsabilidade pelo bem comum, seja onde nascemos, seja onde fomos adotados, faz com que, mesmo não perdendo de vista a globalidade das preocupações humanas, tenhamos também o nosso trabalho na construção de um mundo mais justo e solidário.

O povo do Antigo Testamento mostra muitas vezes essa ligação com a terra de seus pais. Muitas passagens do Antigo Testamento demonstram a predileção do povo judeu pela terra de seus antepassados. O Novo Testamento descreve o carinho de Cristo para com seu povo e diz que Jesus chorou sobre o destino de Jerusalém, que seria destruída, como nos recorda o Santo Padre Pio XII em sua encíclica “Summa Pontificatus”, de 20 de outubro de 1939: “o Divino Mestre dá o exemplo de amor à sua terra quando chorou sobre a iminente destruição da Cidade Santa”.

A grande questão é que muitas vezes, e em muitas decisões, há certa confusão entre a nação e seu governo, entre o povo e os administradores.

Santo Tomás, em sua Summa Theologica (Questão 101, seção I), assim se expressa: “Assim como é para a religião a adoração a Deus, é, em menor grau, a piedade do culto aos pais e à pátria.”. Um culto de gratidão à terra que nos acolheu, gratidão por esse dom recebido.

A Igreja Católica sempre o afirmou como uma realidade palpável e sempre o teve como uma virtude, aliás, como presente em sua doutrina, através do Catecismo (2239): “o amor e o serviço ao país são reconhecimento do direito e estão na ordem da caridade”.

Mas esse amor não deve ser descompromissado e sem reflexão crítica. Para mais amarmos, mais queremos bem à Pátria. Daí vem o compromisso com os excluídos, a nossa preocupação com o futuro da nação, a cobrança aos governos.

Sabemos que a situação atual é muito difícil. Os bolsões de pobreza e violência demonstram quantos passos ainda temos que dar. Só um irmão que passe fome e necessidades extremas já nos questiona sobre a dignidade da vida humana.

A gravidade dos desafios no campo da pobreza salta aos nossos olhos e não só ao homem de fé, mas também ao bom senso natural.

O país exige mudanças estruturais e exige que homens bons e honestos no campo político tomem para si a grande responsabilidade pelo pão, pelo trabalho, pela educação, pela segurança e pela paz que são pedidos pela nação. Os governos devem estar a serviço do povo.

O empenho pela transformação do país, para uma pátria socialmente justa, não é um tarefa apenas para sonhadores: as próximas eleições que se avizinham são uma forma bem concreta para essa transformação.

Neste momento das eleições, a Igreja pede que os cidadãos não reduzam a sua participação política apenas ao voto, embora este seja fundamental e necessário. Pede, igualmente, que não deixe que os políticos trabalhem sozinhos pelo bem público, mas que todos se sintam corresponsáveis pelos destinos do país. Todos têm o seu dever de responsabilidade pública, que começa com o voto e com a eleição, mas neles não se esgota.

Rezemos para que o povo brasileiro se conscientize, na Semana da Pátria que se inicia, a votar somente em candidatos “Ficha Limpa” e que tenham compromisso com a vida em todas as fases, contrários ao aborto, e que defendam a dignidade humana, superando o assistencialismo e criando condições dignas de ensino de qualidade, acesso ao mercado de trabalho e constituição de uma cidadania que quer emprego, renda, saúde e educação.

É isso que desejamos ao nosso Brasil nesta semana em que olhamos para o passado e presente sonhando com um futuro sempre melhor, enquanto nos comprometemos com atitudes concretas nesta importante missão de uma pátria justa e aberta e que seja a meta número dos homens públicos.

Dom Orani João Tempesta


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Editorial de Dom Sergio: 100 Anos de Evangelização

Maio – 1910-2010 Cem Anos de Evangelização

 

No dia 23 de maio, neste ano, solenidade de Pentecostes, o Povo de Deus que caminha na Prelazia de Tefé rende graças a Deus pelos cem anos de Igreja particular. Foi em 1910 que o Papa tendo em vista as necessidades da Evangelização e o bem das populações que viviam no imenso território que naquele tempo ia até o Alto Juruá criou a Prefeitura Apostólica de Tefé.

                De lá para cá o Evangelho foi anunciado com coragem, ousadia e muita generosidade. Os padres fizeram tudo o que podiam para que os sacramentos fossem acessíveis a todos. Os bispos, os padres, religiosas e religiosos, e uma multidão imensa de leigos se preocuparam com educação, saúde, trabalho, cidadania, geração de renda, preservação e tantas outras realidades humanas, mostrando que evangelização é também libertação e desenvolvimento humano.

Centenas de comunidades foram formadas, nas cidades, ao longo dos rios, lagos e igarapés. Animadas pelos catequistas locais, animadores de setor, ministros extraordinários da comunhão eucarística, da palavra, da consolação, e testemunhas qualificadas do matrimônio e ministros do batismo, estas comunidades fortaleceram a fé, levaram a compromissos de vida, foram e são fator de vida para todos. 

Depois de construir e dirigir hospitais, escolas, clubes de mães, cooperativas, rádios comunitárias, a Prelazia viu nascer o CIMI, a CPT, a Pastoral da Criança, a Pastoral do Menor, a Pastoral da Pessoa Idosa, os agentes ambientais voluntários, os agentes da cidadania. Neste centenário agradecemos ainda a Deus as ordenações presbiterais e diaconais que vem enriquecer a nossa Igreja local.

                De propósito não cito nomes neste editorial. São milhares os que construíram e levam adiante esta bela história. Mas em tudo está a ação do Espírito Santo que inspira, ilumina e fortalece. Neste Pentecostes continuaremos a cantar e a pedir que Ele venha, console, conforte e anime esta Igreja que como toda Igreja nasceu do Coração de Jesus, do qual correram sangue e água.

Foi daí que nascemos e por isso temos a certeza de que Ele, o Cristo, este e estará conosco todos os dias. Pois é no dia a dia que o edifício do qual Ele é a pedra fundamental vai se construindo.

                Para mim é um privilégio e uma graça, ser bispo desta Igreja. Graça imerecida, e aceita com muita humildade, diante dos gigantes na fé que me precederam e semearam aquilo que hoje colhemos e vivemos.

Obrigado Senhor pela Igreja particular que vive no médio Solimões, Japurá, médio e baixo Juruá com todos os seus afluentes.

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Bispo da Prelazia de Tefé


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A VIDA AQUI!

“Ó beleza inesgotável, ó majestosa visão!

Com quais palavras eu poderia descrever-te? Não consigo, porque diante de tua majestade as palavras são desnecessárias… Só o silêncio de contemplação pode  falar por mim.

Teus cantos e encantos são os reflexos do carinho e do amor de Deus.

Tudo em ti fala de vida em abundância, de harmonia, de gratuidade.

Carregas em tuas folhas a esperança que todos necessitam para gestar um mundo novo. Um mundo fecundado na simplicidade e transparência das relações, nos gestos de amor, de solidariedade e de preocupação com o que e de todos.

         Nas curvas de teus rios podemos navegar, sentindo o sol a acariciar nossa pele e a lua a guiar e encher nossas noites de nostalgia, saudade e paz.

Na diversidade de tuas copas podemos contemplar e respeitar a diversidade dos povos que aqui habitam. Podemos contemplar a majestade, a bondade e a incondicionalide do amor de Deus.

Aqui sentimos o

Movimento da vida

Aqui pulsando com um

Zeloso movimento que

Orienta e guia todos

Nestas águas e buscam

A, cada dia,  sua

Sobrevivência.

Em teus rios, lagos,igarapés, igapós e enseadas e um convite a um mergulho no sentido mais profundo do nosso existir, na nossa essência, no nosso modo de amar, conviver, e fecundar experiências de partilha e sentimentos de fraternidade.

Na diversidade de tuas copas podemos voltar nossos olhos para o alto e perceber a grandeza de nosso Deus e poder exclamar: Senhor, nosso Deus, como és Grande!